Quando a fome faz o ladrão
Houve tempos em que a fome e a miséria habitaram algumas casas por estas aldeias. Os buracos para as retretes deram origem a histórias engraçadas, mas por vezes, a par com essas histórias havia irmãos a dormir amontoados, com as pontas dos dedos roídas pelos ratos. E por vezes, quando a terra não dava os alimentos necessários, contam as pessoas que a aldeia se unia solidariamente para ajudar os que mais precisassem.
No Campo, contaram-nos a história de um homem que se viu mergulhado na pobreza e na falta de comida e com a família para alimentar viu-se obrigado, certa noite, a roubar farinha de um moinho alheio. Entrou no moinho mas antes de sair com os sacos de farinha, deixou um bilhetinho escrito:
A este moinho entrei,
Cinco alqueires de farinha roubei,
Quem tem fome não tem lei,
E quando vier de novo, restituirei.
Escrito por: Sofia Moura
A partir da recolha de histórias na Freguesia do Campo, concelho de Viseu.
Informantes: José Carlos Martins – Recolhido em julho de 2021
Ilustração: Mariana Vicente